Era um carinha gordim , preto e cinza na parede branca. Ele segurava a canetinha e dela radiava uma luz amarela, manja? Ai da caneta saiam as cores - tipo uns espiritos, como se tivesse vida - em azul, rosa e amarelo.

"Caraio, esse fico hora" pensei. No espaço abaixo preenchi com aquela letra do Ed Rock. Pronto mais um pouco de mim naquela casa onde eu era muito mal vindo. Viajei pensando em mim pique Napolão – invadindo uma quebrada hostil e tomando pra ele.
Cai pra trás deitado na cama, do meu travesseiro eu via o role e dava para ler o rap claramente, “Agora eu posso ler todo dia que eu acordar aqui”, a primeira frase daquela musica falava tudo que precisava lembrar: “é necessario sempre acredita que um sonho é possivel…” .

Pensando melhor e olhando me liguei que num era assim um obra prima, mas me dizia tanta coisa, manja? Aquele moleque de regata, calça larga e tenis no pé em preto branco – o mundo dele era preto e branco, tipo, aquela parede com desenhos pretos - segurando a POSCA “possuida” pelas cores, a caneta tomava acena com as cores e o gordim olhando pra ela - como se fosse a Excalibur recem tirada da pedra -  e pensando “mano eu posso colorir tudo com essa parada no meu mundo preto e branco” , meio assustado com o poder que tinha na mão, ele queria aceitar a missão mas tava com meio com medo, alguma coisa assim. Ele queria dominar aquele poder , queria entender.
E fiquei reparando nele empunhando a POSCA, viajei pensando nele numa guerra e usando o bagulho como espada, eliminando os pilantra com um feixe de cores, os outros como ele poderiam encontra-lo seguindo a trilha colorida que ele deixava por onde passava e formariam um exercito.

Passei um tempo lá viajando com o guerreiro da caneta colorida, começou a me bater um tristeza e eu voltei para minha vida, pensei nela ate aqui tentando descobrir como eu cheguei aqui, e la veio uma par de coisa: Sem dinheiro, solitario, com a saude mais ou menos. E essa fita ai de desenhar? Sera que a cara é essa mesmo? Sinto muita raiva, mas de quem? Nem sei! Sinto muita vergonha. A decepção clara no rosto das pessoas quando pensam em mim, algumas nem me olham mais nos olhos, sera que olho nos olhos delas? Nem sei! Eu num sei qual é, o que eu fiz de errado, ja fui o melhor, o mais promissor, o mais brother, eu era o mais criativo… caiu a ficha que eu ainda era tudo isso mas é como se tudo isso tivesse virado de sorte pra revés de repende, minhas forças de antes são os meus problemas de agora. Porra, por que isso?

Com um monte de poder nas mãos sem saber o que fazer com aquilo. Chorei. Caralho… aquele carinha em preto e branco era eu!